YERMA

Escrita em 1934, e apresentada pela primeira vez no mesmo ano, Yerma é uma obra popular de caráter trágico, ambientada em Andaluzia, no início do século XX. Conta a história de um casal que segue, segundo as tradições de sua comunidade, as prescrições cotidianas do casamento – o homem empenha-se no trabalho junto ao gado e no cuidado com a terra, a mulher cuida da casa e do bem estar do marido. Yerma deseja, como única condição de felicidade, ter um filho; no entanto, o tempo passa, a gravidez não vem e o desejo de outrora vai dando lugar à frustração.

Renato Carrera apresenta uma Yerma fragmentada e por isto mesmo potencializada. “Multiplicada em várias, transformada na nossa “Yerma”. Levantamos o questionamento sobre a real liberdade feminina nos dias de hoje. Aqui apresentamos uma mulher que quer se comunicar, que não se contenta com as dificuldades apresentadas. Que, na busca pelo desejo maior de ter um “filho”, potencializada pelo ódio, nos revela sua revolta. É essa mulher universal, forte, que não se contenta com a fictícia liberdade alcançada nos dias de hoje, que queremos levar para a cena. Nossa “Yerma” está em todas as mulheres do mundo, nas espanholas, nas cariocas, nas nordestinas, nas muçulmanas, nas europeias, nas africanas... Uma mulher atemporal, que nos faz refletir a partir do questionamento do poder masculino, ainda instaurado na sociedade contemporânea. Esta mulher que, nos dias de hoje, pode ser culpada por seu próprio estupro, acusada de permissividade ou qualquer outra coisa, pelo simples fato de querer manter sua vaidade”, reflete.

Nove mulheres e três homens atores formandos em cena nos levam a Yerma brasileira, com trilha sonora original e músicas de Isadora Medella (cantora e música do grupo "As Chicas") compostas especialmente para o espetáculo e a tradução de Cecília Meirelles que nos faz viajar pela poesia do escritor espanhol.