VESTIDO DE NOIVA

"Nem que eu morra, deixarei você em paz!"

Em 1943, estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro o espetáculo VESTIDO DE NOIVA, de Nelson Rodrigues, marco inaugural do teatro moderno brasileiro. O texto apresenta três planos distintos que se cruzam: memória, alucinação e realidade, criando assim uma viagem ao interior da mente e da alma da personagem principal, Alaíde. 

Sempre em busca de novos desafios, o diretor Marcelo Morato, nosso parceiro de longa data, escolheu este emblemático texto para a montagem de formatura da Turma BT39, que conclui o Bacharelado em Teatro no segundo semestre de 2023. A construção do espetáculo foi uma experiência potente para atores e atrizes em formação, prontos para criar uma nova versão sobre a dramaturgia de Nelson Rodrigues.

. . .
Com a palavra, o diretor.

“(...)  Ainda hoje, o texto de Nelson provoca surpresa e oferece desafios de encenação. É inovador, destemido, tragicômico, ampliando a trama doméstica para um drama de complexidade psicológica.

Na montagem original, além da excelência do texto, o modernismo estabelecia-se porque, pela primeira vez no Brasil, a figura do encenador como autor do espetáculo se apresentava de forma inequívoca no trabalho incansável do polonês Ziembinski. Completava essa tríade de artistas arrojados o cenógrafo Santa Rosa que rompia com a tradição do cenário reaproveitado do teatro burguês ou do luxo exagerado do teatro musicado. Seu cenário minimalista se tornou icônico. O espetáculo fechava um ano inteiro de celebração pelos cinco anos de existência da companhia amadora Os Comediantes. Com “Vestido de Noiva”, num atraso de 21 anos em relação às outras artes, o teatro brasileiro entrava definitivamente na esfera modernista. A estreia foi um marco divisor de águas da cena nacional.

Após “Vestido de Noiva”, o autor optou pelo que chamou de teatro desagradável e nunca mais foi tão incensado, em vida, como naquela noite memorável de 1943. Hoje, em celebração aos 80 anos dessa montagem inaugural, apresentamos nossa versão da obra que colocou o nome de Nelson Rodrigues no topo dos dramaturgos brasileiros.

Acredito que tenha sido a melhor escolha para os alunos formandos da turma BT39. Torço para que esses 22 estudantes, que agora se profissionalizam, encontrem seu caminho nas artes cênicas, sem parar de estudar, investigar e se aventurar. Sucesso a todas e todos! (...)”

Marcelo Morato